O presente artigo se propõe a refletir criticamente acerca do uso da quantificação em pesquisas em ciências humanas, chamando a atenção para alguns riscos que permeiam tal atividade, como também para determinadas situações em que tais métodos podem ser caracterizados como amplificadores culturais úteis e justificados. Nesse sentido, analisam-se aspectos inerentes à atividade de quantificação, como a interconexão estreita com a categorização e a modelização fundada em determinada visão teórica. Busca-se ainda explorar aspectos conceituais centrais à quantificação, como a redução de informação em prol da detecção de tendências gerais e estruturas, as opções de tal redução em função das escalas de medida mobilizadas, a distinção entre a descrição e a inferência, bem como entre o fortuito e o sistemático. Procura-se demonstrar, em relação a este último aspecto, que a quantificação possibilita apenas uma aproximação probabilística, o que limita seu poder à detecção da verossimilhança, e não da verdade.